Tanto se fala deste prato, quase tratado como uma iguaria Inglesa/Irlandesa...e passadas quase duas semanas por cá, decidi provar. Num jantar com amigos, depois de uma tarde inteira a jogar um jogo de tabuleiro (Civilization), acompanhos sempre de um bom Porto, fui comprar Fish & Chips de bacalhau. A minha opinião, é de que é só o que o nome indica e nada mais, não tem qualquer sabor fantástico ou inesquecível. É só fritos. É o que eu digo, esta gente não sabe cozinhar. Fica o registo.
Se há coisa que venho a admirar é o quão por norma as pessoas são educadas e queridas por aqui. Foi sempre coisa que admirei, por exemplo entre a nossa Lisboa e o Porto, a primeira é muito multi-cultural e tornou-se uma selva. Já o Porto do que fui conhecendo, é normal a partilha da vida com vizinhos ou aquele café onde vamos sempre, acabando por criar amizades em todo o lado e acima de tudo, as pessoas ajudam-se.
Aqui, passa-se o mesmo e um dos exemplos (depois escrevo sobre outros tantos...) são os autocarros. Ora, entre Dublin e a Cidade de Cork, as coisas não mudam muito, mas antes de escrever sobre a simpatia deixem-me aproveitar para descrever o serviço em Dublin e Cork.
Dublin
- Quando entramos num Autocarro (sem passe), mesmo sendo o número que queremos apanhar, temos de dizer ao condutor para onde vamos e o preço do bilhete varia com isso. Dos dias que lá estive, paguei para a mesma viagem sempre valores diferentes, dado que fui aos poucos sendo mais preciso para a zona onde queria.
- Se tivermos dinheiro a mais, é nos dado um bilhete de "vale" com o troco, que teremos de o ir levantar a uma central de autocarros.
Cork
- Não precisamos de dizer para onde vamos, o preço é fixo por norma.
- O troco é nos dado na hora.
Em ambos os locais, por vezes se apresentarmos uma nota de 10€ ou 20€, ele não nos dá sequer troco, nem cobra pela viagem!
Igualmente em ambos os locais, e dado que os autocarros só têm uma porta, não entramos nunca, até o último passageiro tiver saído e não entramos, até a pessoa à nossa frente tiver despachada, em ambas as situações o condutor avisa-nos e pára o que está a fazer, para que esperemos lá fora (mesmo à chuva).
Quando à simpatia que falava, é de que toda a gente diz bom dia/boa tarde ao condutor, agradece o bilhete e pagamento e acima de tudo, o que é fantástico, TODA a gente agradece ao condutor ao sair e ele agradece por isso também.
Para quem possa pensar que até temos alguns Portugueses, menos cuidados da sua higiene e que na Europa restantes não acontece, está enganado.
Situação um: Reunião com um gestor de projecto de tshirt, e na sua mesa imaginem 2-3 rolos de papel higiénico e outro tanto de montinhos de papel enrolado. Durante esta reunião de cerca de 1 hora, à minha frente o dito, ia tirando esses tais montinhos debaixo dos sovacos e colocando outros mais secos.
Situação dois: As mesmas colheres são usadas por todos na copa da empresa, mas pensaríamos que seriam devidamente lavadas, mas não. Estas apenas são passadas por agua e colocadas num copo com água onde estão todas. Alguém que precise de mexer o café, apenas tira a colher desse mesmo copo e reinicia o processo.
Começa amanhã o novo projecto, neste pais...! Pelo meio, a constipação está à porta e faço igualmente a primeira semana por cá. O ponto de situação é extremamente positivo ainda que tenha imensas saudades de uma série de coisas em Portugal, e acima de tudo de quem me é mais chegado. A situação do nosso Pais complica-se e isso prende-me aqui mais um pouco a muito custo. Mas as saudades...algumas apertam a cada dia que passa.
Há dias em conversa com um taxista (que quase largou o carro, para irmos falar para um pub), contava-me ele que a Irlanda está mau e que imensa gente emigrou (o filho e a família), mas que voltaram agora e a economia está a recuperar. O segredo deles, foi simples....ainda que não tenham feito a justiça que fizeram na Islândia, foi de não destruírem a economia como estão a fazer em Portugal. Vamos ver como corre este ano em ambos os lados.
O clima é só um, chuva e frio, com 2-3 minutos de sol directo e nada mais. Como dizem por cá, só há duas estações, Soft-Winter e Hard-Winter. Hoje na avenida principal, detive-me aquando de ter aparecido uma aberta para a aproveitar e rapidamente começar a chover novamente.
Este dia é muito vivido por estes lados...tudo tem corações, postais são aos milhares em cada loja e há tanta gente na rua de chocolates/flores na mão.
Eu fiquei-me por requerer o número fiscal Irlandês e ter desejado um óptimo dia à sra. Mal Educada do Guiché! Só para ser diferente!
Feliz dia de São Valentim a todos!
Ontem fomos a um pub, Mardyke Snooker Club...mas a meu ver, parecia mais um centro comercial, de nome Pub! E passo a explicar, era um Pub com 3-4 andares, de mesas de bilhar deveria ter mais de 15-20 pelo menos, mesas de ping-pong eram umas 10, tinha espaço para sofás, discoteca e as pistas de bowling que podem ver acima! E ainda nos perdemos em saber onde era a saída no fim da noite. Lá fui eu com dois casais amigos e o destino era nos defrontarmos até à morte numa série de jogos de bowling, acontece que os ganhei...e agora deixei de ter amigos aqui :P Brincadeira, mas a verdade é que ganhei mesmo e foi uma noite simples, mas muito agradável.
Assim começou a viagem, no aeroporto de Lisboa. Aer Lingus, é a companhia de aviação da Irlanda, com o seus aviões verdes de trevo na cauda, iniciar uma viagem com verde de esperança e um trevo para dar sorte, não me pareceu mal! Viagem de 2h45 até Dublin, com alguma turbulência e na aterragem não se via nada, tanto que pareceu noite dentro do avião ao cruzar pela camada espessa de nuvens que sobrevoavam a cidade.
Os autocarros para toda a Irlanda podem ser encontrados, logo após a saída do terminal e pouco depois das 17h apanhei o que precisava para a cidade onde vou estar nos próximos longos meses. Seguiu-se 3 horas, talvez um pouco mais de autocarro expresso e pela viagem, após parar numa estação de serviço encontrei este pequeno Kitkat...e refiro-me a pequeno, dado que existiam uns bem maiores ao lado (vim morar para o pais certo! ).
O jantar e a conversa, duraram até ás tantas da noite na companhia deles como referi antes, foi um óptimo dia para iniciar esta aventura.
Apenas queria partilhar que já estou pela nova casa, recebido com muito carinho pelos amigos que tenho por cá. O T. e a J. , prepararam um jantar com mais gente para me receber e foi óptimo.
Amanhã, escrevo com mais detalhes o processo da viagem e uns pequenos detalhes que vos queria mostrar. Até já.
Amanhã, escrevo com mais detalhes o processo da viagem e uns pequenos detalhes que vos queria mostrar. Até já.
Ora o dia aproxima-se, as despedidas quase feitas e posto isso já comecei a fazer a famosa mala de "emigração"! E como se sabe, indo de avião a coisa complica-se quando o espaço disponível e o peso entram em campo vestidos cada um com as suas exigências...posto isto passo a indicar sugestões e mais ou menos o que levarei.
- Sacos de vácuo, fantásticos quando o espaço é pouco e a roupa é muita. Só tenho é de passar tudo a ferro nos próximos dias.
- Cabine de medicação, acabei por levar aquelas coisas que todos nós tomamos em caso de doenças comuns, Brufen, Paracetamol, antihistaminicos (alergias), um antibiótico para SOS e lentes de contacto para 3 meses.
- Livros...os que pude levar dado o peso. Vou levar um nas mãos ( One day ) e espero conseguir passar pelo check-in com o peso ao limite.
- Roupa para inverno para já...e tudo o que conseguir por nos sacos (vácuo). Entre o formal para o trabalho e misturado com o informal/desportivo para as outras coisas, penso que tenho o suficiente.
- Portátil, discos externos, headphones com micro, teclado extra (por lá, não se vende teclados PT-PT como é óbvio e para quem não sabe, as teclas mudam e deixaria de usar acentos nas palavras por exemplo :) ).
- Sapatos, toalhas e penso que seja tudo.
O restante que devo levar (mais livros que tenho para ler e roupa), segue através de um sistema de entregas que depois conto como será a aventura do mesmo.
- Sacos de vácuo, fantásticos quando o espaço é pouco e a roupa é muita. Só tenho é de passar tudo a ferro nos próximos dias.
- Cabine de medicação, acabei por levar aquelas coisas que todos nós tomamos em caso de doenças comuns, Brufen, Paracetamol, antihistaminicos (alergias), um antibiótico para SOS e lentes de contacto para 3 meses.
- Livros...os que pude levar dado o peso. Vou levar um nas mãos ( One day ) e espero conseguir passar pelo check-in com o peso ao limite.
- Roupa para inverno para já...e tudo o que conseguir por nos sacos (vácuo). Entre o formal para o trabalho e misturado com o informal/desportivo para as outras coisas, penso que tenho o suficiente.
- Portátil, discos externos, headphones com micro, teclado extra (por lá, não se vende teclados PT-PT como é óbvio e para quem não sabe, as teclas mudam e deixaria de usar acentos nas palavras por exemplo :) ).
- Sapatos, toalhas e penso que seja tudo.
O restante que devo levar (mais livros que tenho para ler e roupa), segue através de um sistema de entregas que depois conto como será a aventura do mesmo.
Nesta última semana rodeado de amigos, posso retratar a mesma assim:
Jantares/Almoços realizados : 7
Lanches/cafés tomados: 8
Abraços dados: Imensos
Jantares/Almoços realizados : 7
Lanches/cafés tomados: 8
Abraços dados: Imensos
Entretanto, já tenho tudo pronto da parte legal e logística que preciso de levar comigo. Neste momento, tenho uma cama cá por casa com tudo alinhado e 2 malas para encher. Tenho um peso máximo para cada mala e consequentemente escolhas para fazer nos próximos dias sobre o que levar ou não. Se até hoje, as minhas despedidas sempre foram muito práticas/racionais/frias...isso mudou, já dou comigo por momentos a lamentar se farei a escolha certa, a contar os minutos para a pessoa à minha frente ter de ir embora depois de terminar o café e parece tudo tão irracional, dado que será por um mês que regresso a Portugal para passar Páscoa e faço crer, e a mim mesmo, que será uma viagem por um ano apenas....será?
Vou até à praia hoje, começar um novo livro "One day" de David Nicholls. Bom dia para todos.
Daqui por uma semana, precisamente a esta hora...estarei a sair da estação de comboios, após cerca de 7 horas de viagem e estará a chover.
Hoje fui caminhar e aproveitar este nosso sol, com a cadela que tenho que ficará para trás e esta música invadiu-me momentos antes do regresso a casa.
Um aparte, o filme abaixo foi filmado na Irlanda.
 |
| Retirada de http://davecollyjap.blogspot.pt |
Há uns meses atrás decidi-me que irei para o ano fazer a viagem, talvez da minha vida como se diz e a mesma deve acontecer daqui por um ano em principio dado que tem de ser planear e custeada, onde a ida para fora de Portugal ajudará no processo. O destino é o Japão. Ainda está tudo muito embrionário, dado que para já irei sozinho e como é óbvio, uma viagem fora da cultura Europeia envolve sempre uma logística tremenda e investigação associada. Para já também, o e destino em cidades seria de Tóquio, Kyoto e Nagasáqui. Para tal quero ver se encontro uma escola de língua Japonesa na cidade onde vou viver para dar arranque à ideia, fora está, ir vendo preços e locais. Quando tiver algo mais organizado, partilharei com vocês este meu pequeno projecto.
"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
José Régio
Por esta hora, falta algo como uma semana para apanhar o meu primeiro voo só de ida e nestes dois dias passados, dois jantares com grupos de amigos distintos, encheram-me de animo, mas também de um peso grande de ansiedade/vazio. Talvez porque parte deles também vão daqui por uns tempos iniciar a sua própria aventura fora de Portugal, ou porque ficam assuntos por resolver na sua totalidade...ou e apenas, porque a sua presença, mesmo que muitas vezes em silêncio me renovam.
Nestes últimos dias e mesmo até, no que escrevo para mim e escapa para este meu pequeno lugar onde partilho com vocês, é normal que esteja apreensivo nas minhas palavras e repetitivo, com uma certa dose de pesar na minha decisão. É normal, a alegria está cá e presente a cada momento...sim está tudo aqui! Mas dá-me para me exprimir mais o que me pesa mais neste momento que a alegria em si.
Pergunto-me como é que uma pessoa destas, existe.
Como é que alguém, perante a óbvia destruição da economia do pais e após ele mesmo ter recebido dinheiro do estado se não a coisa corria-lhe mal, tem a lata de se colocar na pele de um pobre e ainda mais referir que ser sem-abrigo é algo "normal" à condição humana e que este quase que nem precisa de mais para viver que isso.
A crise onde nos encontramos, foi gerada pela banca. Após a retirada dos sistemas e regras de funcionamento que foram implementadas após a Grande Recessão em 1929, voltámos a estar totalmente expostos como estivemos nos anos anteriores a isso e cá estamos. Banca falida, governos sem financiamento e uma tremenda especulação nos últimos anos, colocou milhões de pessoas no desemprego e na fome uma vez mais. Pergunto-me é, até quando. A crise de 1929, só começou a ser recuperada quase 10 anos depois e mesmo assim, só foi "resolvida" com a 2ª Grande Guerra e a industrialização de vários países novamente, em armamento. Esperemos não ir para o mesmo caminho desta vez...
Se há algo que me torna ainda mais emotivo, é a presença dos meus avós. Estive com eles nestes dias e para mim, são um casal perfeito e uns familiares de quem me orgulho ainda mais. Típicos velhotes, mas apesar da idade avançada que ambos têm e as muitas mazelas de saúde inerentes a isso, continuam a amar-se, a provocar-se e das coisas que mais adoro fazer na sua presença é sentar-me a ouvir as histórias de um e de outro quando eram novos e como o outro reage, perante a discrição meiga de quem a estar a contar. Esta semana foi deveras complicada para mim, mais de 800 km a conduzir, pouco mais de uma dezena de familiares de quem me despedi com um "Até já", mas nunca sentimos as coisas com essa simplicidade, tudo parece um Adeus, quando não moramos perto de alguém de quem gostamos e nos temos de despedir para mais uma temporada sem os ver presencialmente.
São residentes de uma pequena aldeia no coração de Trás-os-Montes e cada vez há menos pessoas a morar por lá e crianças só haverão cerca de duas. Além de para terem a noção, a minha família directa, são os mais velhos e mais novos daquele local. Isto é algo que me custa e ainda para mais, porque eu sou mais um dos netos que vai para fora. Como expliquei anteriormente, não o faço de forma nem definitiva, nem desesperada. Foi algo muito pensado e na minha área, eu de facto preciso de estar mais à frente e actualizado. Não é algo que eu aprenda hoje e me sirva para a vida toda, sendo a minha qualidade de profissional ligada directamente à minha capacidade de aprendizagem e a resposta no momento. De qualquer forma, contarei como mais um e até voltar, serei-o.
Tranquiliza-me neste lado familiar e no que vos descrevo, é pensar e querer nunca esquecer as minhas raízes e de onde vim. O facto de já ter viagens marcadas ao longo do ano para estar em Lisboa e também os rever no norte de Portugal. E não desistir de querer formar a minha vida, neste nosso Portugal e não noutro local do planeta.
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